Por mais insensível e até ignorante que tenham sido as sátiras feitas
contra Maomé, é injustificável a reação violenta e raivosa das multidões de
muçulmanos, especialmente infeliz por ser motivada por líderes religiosos.
Por mais duras que sejam as críticas e os debates em épocas de eleições
no campo político, brigas e violências não podem ser aceitas.
Por mais romântico e inspirador que tenha sido a Revolução Farroupilha,
lembrada pelo povo gaúcho em mais um “Vinte de Setembro”, jamais devemos
esquecer que naquela guerra, o cheiro de cadáveres era bem mais comum que o
cheiro de churrasco. A boca seca e empoeirada dos piões que guerreavam uns
contra os outros não recebiam chimarrão algum, e músicas embaladas pela gaita
silenciavam diante do choro de viúvas e órfãos.
O fanatismo religioso ou político deve ser questionado e até combatido.
Mas o indiferentismo pode ser igualmente perigoso.
Não concordo com o velho bordão que diz: “Religião e Política não se
discute”. Penso justamente o
contrário. Penso que religião e política devem ser analisadas e debatidas
profundamente. Penso que o fanatismo é justamente causado pela falta de
reflexão, pela inexistência de espírito crítico e debate. Mas não precisamos
ser violentos nas discussões, antes devemos concentrar energias para discutir e
analisar.
Outro bordão que discordo é o que diz: “O importante é ter fé”.
Posiciono-me contrário a tal afirmação porque é inevitável que nos perguntemos:
“Fé em que?” “Fé para quê?” Afinal, na historia da humanidade, por causa de
crenças e “fés” já se matou criancinhas, e efetuaram-se verdadeiros genocídios.
A religiosidade humana é cheia de egoísmos e regrinhas estranhas.
Graças que Jesus veio ao mundo, mostrou e revelou o verdadeiro amor. A
verdadeira fé deve ser ativa e viva no amor e coerente com as Palavras daquele
que seguimos e confiamos.
Assim também a verdadeira política deve nascer no sentido do bem comum
e do desejo de servir e não de ser apenas servido.
A verdade é que enquanto Deus quer iluminar nossos caminhos e
entendimentos, o fanatismo traz uma grande sombra, um vale escuro. Lembremo-nos
que o fanatismo cega e mata, mas também não esqueçamos que o indiferentismo
acomoda e é complacente.
Pastor Ismar Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor.
Três Vendas, Pelotas, RS
19.09.2012
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